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5.2 Hidrelétricas

Lalo de Almeida, 2018.
A bacia amazônica é vista, por governos e outros atores, como uma fonte inesgotável de água útil para a produção de energia hidrelétrica. Em sua maioria, as obras de infraestrutura desse tipo estão localizadas sobre os rios tributários do rio Amazonas, causando, quando em operação, uma significativa alteração no pulso de inundação, que é muito importante para os ambientes amazônicos, especialmente os inundáveis. Entretanto, isto também se repete nas outras bacias que conformam a região. Isto provoca a perda de biodiversidade, mudanças no solo, migrações forçadas de comunidades indígenas eaumento da emissão de gases do efeito estufa por alteração nos padrões de materia viva, especialmente vegetal.
Mapa: Usinas Hidrelétricas na Amazônia
As usinas hidrelétricas estão distribuídas por toda a Amazônia, principalmente nas cabeceiras da bacia. Em março de 2020, havia ou estavam planejadas 833 hidrelétricas na região. A maioria dos projetos hidrelétricos ativos da região está no Brasil (52%). No entanto, a floresta equatoriana, que constitui 1,5% da Amazônia, concentra 18% das hidrelétricas ativas.

Em 2012 foi registrado um total de 171 hidrelétricas em funcionamento ou construção, enquanto em 2020 este número havia aumentado 4%, alcançando um total de 177 hidrelétricas.

Por outro lado, observou-se uma redução de 25% em relação às hidrelétricas planejadas, passando de 246 em 2012 para 184 em 2020. Redução que pode ter ocorrido devido a fatores políticos, socioambientais ou ao fato dos projetos terem sido descartados por inviabilidade técnica. Isto é, as 184 hidrelétricas planejadas atualmente representam 75% do total planejado para a Amazônia em 2012.
Nas áreas Naturais Protegidas, as hidrelétricas aumentaram de 13 para 23, enquanto o número de planejadas se manteve quase estável, passando de 36 a 37, entre 2012 e 2020.
Nos Territórios Indígenas, ao compararmos 2012 com 2020, observa-se um aumento de 6 para 26 no total de hidrelétricas em funcionamento ou construção, enquanto o número de projetos de hidrelétricas passou de 10 para 16.
As Pequenas Centrais Hidrelétricas (com potência inferior a 30 MW) sofreram o maior crescimento: são 238 em funcionamento e 350 planejadas. Já em relação às Usinas Hidrelétricas (com potência superior a 30 MW), há 112 em operação e 133 planejadas. Estas últimas são as mais preocupantes, pois são obras de grandes proporções, algumas com capacidade acima de 2 mil MW, e estima-se que a construção desse tipo de hidrelétricas duplique nos próximos anos.

Atualmente existem na Amazônia 28 hidrelétricas operando com capacidade maior que 300 MW, incluindo a terceira maior do mundo, a usina de Belo Monte, localizada na bacia do rio Xingu, no estado do Pará, que entrou em funcionamento em 2016 sem cumprir com os planos de mitigação dos impactos socioambientais.
Mapa: Vulnerabilidade dos sistemas hidrológicos às infraestruturas hidroelétricas
As usinas hidrelétricas alteram a dinâmica e sazonalidade das inundações nos sistemas hidrológicos, modificam os fluxos ecológicos, alteram ospadrões de migração, reprodução e desova de muitas espécies de peixes, o que em muitos condena esses sistemas. Portanto, é de grande preocupação que existam bacias, como é o caso do Ecuador e do Perú, onde há entre 16 e 25 hidrelétricas em uma mesma bacia, várias delas categorizadas como grandes usinas hidrelétricas, com capacidade superior a 3.000 MW.
*Alta vulnerabilidade: reúne as bacias com alto índice de aridez, ou seja, alto risco de seca, já que estas se intensificam com a contenção de água para a geração de energia elétrica. Nessa categoria também foram incluídas as bacias possuem entre 6 e 15 hidrelétricas em operação ou construção, com duas a cinco usinas de grande porte.
*Vulnerabilidade média: reúne as bacias com alto nível de emissão de gases que contribuem para o efeito estufa pela acumulação de óxido nitroso e metano, resultado da decomposição de árvores e vegetação inundada. Nessa categoria também foram incluídas as bacias que possuem de uma a cinco hidrelétricas, sendo uma delas de grande porte.
*Baixa vulnerabilidade: reúne as bacias que se encontram sob ameaça de novos projetos hidrelétricos, que exercerão pressão quando implementadas. O Brasil apresenta um panorama preocupante, pois há planos de novas hidrelétricas em várias cabeceiras e afluentes de bacias localizadas no sul e sudeste amazônico. Em algumas bacias, o número poderia aumentar de 16 para 25 hidrelétricas, o que se intensificará ainda mais com a possível instalação de até 10 grandes usinas.